terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Coletivo de Cultura do PCdoB

Coletivo de Cultura discute políticas públicas para o setor

O primeiro encontro do Coletivo de Cultura do PCdoB/RS reuniu mais de 20 pessoas que discutiram e apresentaram propostas para o setor no estado. O encontro iniciou com uma exposição das políticas culturais implantadas no Governo Lula, a qual todos concordaram que devem nortear a criação de um Sistema Estadual de Cultura.

Barbara Paiva
 grupo inicial coletivo de cultura

Em sua fala inicial, a secretária de Organização do PCdoB/RS, Cora Chiappetta, enfatizou que aquele era apenas o início de um debate, a abertura de um espaço de interlocução entre as diversas expressões culturais ali presentes e que juntas irão contribuir para o período que se inicia com o governo Tarso.

“Temos o desafio de auxiliar de maneira ativa o processo de re-construção das políticas públicas culturais no Estado do Rio Grande do Sul”, disse o secretário de Comunicação do PCdoB/RS, Clomar Porto, acrescentando que o estado nunca teve uma política cultural aceitável, constituída de mecanismos de debate. Como ilustrou o maestro Cláudio Ribeiro, a Cultura no RS é hoje “terra arrasada”, com perda de espaço para outros estados.

Além disso, afirmou o representante da Nação Hip Hop, Malik, o estado deixou de ser visto como polo de cultura nacional pelos outros estados.

Descentralização

O grupo considerou que a descentralização é indispensável para levar a cultura ao encontro dos cidadãos. A questão, contudo, é qual o papel do estado nesse processo e quais as maneiras de garantir isso. Nesse sentido, é necessário haver um maior investimento em políticas de Descentralização Cultural, conjugada com as outras Políticas Públicas, sendo ela um instrumento eficaz de democratização da cultura ao permitir que todos os cidadãos tenham acesso às atividades de formação, aos programas artísticos e aos projetos culturais. Além disso, auxilia na promoção de uma maior integração com a população e a dar lugar às manifestações da comunidade local.

A descentralização da cultura só será possível com a união de esforços e principalmente de maior investimento em formação de produtores e apoio financeiro para os mais diversos projetos. “É preciso afirmar a questão da diversidade cultural a partir de outras manifestações culturais, não apenas do movimento tradicionalista”, defendeu o produtor e gestor cultural Fabio Kossmann. “Massas precisam produzir cultura e não apenas receber o produto pronto”, defendeu Maximiliano , acrescentando que é preciso politizar a cultura e seus agentes.

Financiamento público

As formas de financiamento público da cultura também entraram em pauta. O controverso tema, como não poderia deixar de ser, dividiu as opiniões dos presentes. Para o produtor cultural Paulo Leônidas, elas precisam ser revistas pois representam uma forma de dominação do mercado sobre a produção cultural. “Mercado é o regente da cultura”, disse o produtor cultural, defendendo que a renúncia fiscal significa que o Estado teria como fomentar a cultura. “Artistas devem ser o poder público e não burocratas que nada entendem do setor”, defendeu João de Almeida Neto.

Investir na formação

O grupo também defendeu mais investimentos na formação dos gestores e produtores culturais. “Muitos não sabem nem mesmo como elaborar um projeto cultural e onde apresenta-lo”, disse a jornalista Mary Mezzari. Como também exemplificou o produtor cultural Luciano Lopes, centros culturais como o Margs e a Casa de Cultura Mario Quintana, não possuem funcionários qualificados para guiar os visitantes. “É preciso investir nessa formação”, disse ele.

Idealizador do Coletivo de Cultura, o ator e diretor Neidmar Roger também destacou que os produtores e agentes culturais precisam se preparar para atender a demanda que será gerada com a aprovação do Vale Cultura. “Do contrário serão as grandes redes e a indústria de massa as únicas beneficiadas”.

Participantes

Participaram da reunião o Secretário Sindical do PCdoB/RS, Clovis Dias Silva, Vinicius Correa (Músico), Luciano Lopes (Produtor), Fábio Kossmann (Produtor e Gestor cultural), Maximiliano de Almeida (Pesquisador História Cultural), Paulo Bastos (Capoeira), Lindomar de Oliveira (Técnico Meio Ambiente e Músico), Alberto Moraes (Movimento Social e Cultural), João de Almeida Neto (Músico Regionalista), Ademir de Oliveira (Sec. Sindical PCdoB/Canoas), Mano Oxi (Nação Hip Hop Brasil), Malik (Nação Hip Hop Brasil), Renato Borba (Músico/compositor), Mary Mezzari (Jornalista/Radialista), Cláudio Ribeiro (Músico), Paulo Leônidas (Produtor Cultural), Henrique Marees (Produção/Apoiador/Educador) e João Batista Abreu “Tita” (Produção Cultural/Educação).

Da redação local
Barbara Paiva

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